A Panupanu é um atelier que traz alegria em suas roupas, fantasias, figurinos, artesanato e outras criações em tecido. Ela surgiu do amor da empreendedora criativa Helena Tyrrell, que cresceu em meio a costura, vendo sua avó fazendo vestidos para ela e para suas bonecas. O mais incrível dessa história é que a própria Helena foi criando o atelier sem perceber. A sua paixão foi se transformado de hobby a negócio, e ela foi seguindo a intuição para criar o que, hoje, é a atividade que ocupa os dias dessa empreendedora e traz amor, alegria e o brilho nos olhos que ela tanto buscava. Venha conhecer a trajetória da Panupanu e se apaixone também por essa história!

A HISTÓRIA DA HELENA TYRRELL

A Panupanu foi criada assim, do coração da Helena para o mundo. Como ela mesma disse, a costura não era vista como um trabalho porque tanto a costura quanto as atividades manuais sempre foram muito presentes na vida dela.

“Na minha casa sempre teve uma máquina de costura em alguma mesa. Na minha casa saber costurar era como saber cozinhar. Era mais uma função normal e por isso tive a dificuldade de entender isso como uma possibilidade de ser um trabalho. Na minha cabeça todas as pessoas do mundo sabiam costurar.”

Ao mesmo tempo que era algo muito normal e corriqueiro, a costura sempre foi para a Helena algo fantástico. “As pessoas pegam o tecido e transformam em uma roupa!”

É claro que esse encantamento ia germinar no coraçãozinho dessa empreendedora. A avó dela fazia bonecas e roupas para bonecas. Eram noivas, ciganas, roupas luxuosas… Se coloque no lugar dela! Imagina a memória da sua avó sentada na máquina e você, criança, sentada no chão, pegando os retalhos que caíam e perguntando “esse eu posso pegar?”

Quando tinha 19 anos, a Helena fazia Dança do Ventre (nessa hora da entrevista surgiu um gritinho: eu também! Fecha parêntesis). Nessa época era muito difícil encontrar roupas e quando encontrava, elas eram muito caras, então a Helena começou a costurar e bordar suas próprias roupas de dança. Nessa época, ela nunca tinha feito aula de costura. Era apenas algo natural na vida dela. Mas ela começava a sair do lugar de “observadora” para o lugar de “fazedora”.

O INÍCIO DA PANUPANU

Em 2012 a Helena buscava um presente original para o seu namorado. Como não achava nada que agradasse, resolveu fazer pra ele uma almofada, já que ele viajava muito de avião e não conseguia dormir. Ela usou um tema que ele gostava e fez uma almofada redonda, bonita e confortável. Ao ver o presente (e amar), ele disse: você tem que vender isso! Mas a Helena só se perguntava: quem vai pagar por isso?

Com a insistência dele, ela resolveu fazer um teste. Postou no facebook a foto da almofada, sem nenhuma legenda, para ver qual seria a reação das pessoas. E todos começaram a pedir para ela fazer uma também. Na época, a Helena trabalhava e estudava e começou a fazer as almofadas por encomenda. Ela via que amava fazer aquilo, mas ainda não entendia isso como uma possibilidade de trabalho.

Em 2013 ela teve uma crise depressiva e, como em alguns momentos não conseguia sair de casa para trabalhar, ela buscava tecidos que tinha pela casa com o intuito de fazer qualquer coisa para acalmar a ansiedade. Costurar remetia ao carinho e aos cuidados da avó dela e trazia todo o conforto que ela precisava.

Em janeiro de 2014, ela teve uma ideia para ajudar a complementar a renda. Helena frequentava ensaios de blocos de carnaval de rua, então ela foi no grupo de Facebook de um bloco em que ela tocava e ofereceu fantasias personalizadas. Ora, ela já fazia as próprias fantasias desde 2012, amava fazer isso, então por quê não? Com quase nenhum esforço de divulgação, fez 25 fantasias. Foi um sucesso!

Mais uma vez as pessoas falavam pra ela: “suas fantasias são lindas, você tem que vender isso!” E mais uma vez ela questionava “quem vai comprar?”

Com todo esse movimento, que foi surgindo naturalmente, a Helena percebeu o quanto costurar era bom, o quanto fazia bem pra ela. A costura começou a tomar muito tempo do dia dela e ela pensou: é isso que vou fazer da minha vida! Segundo ela, ainda sem entender que aquilo poderia ser um trabalho; ela apenas sabia que era isso que queria fazer e ponto.

Ela foi deixando aos poucos suas clientes até ficar apenas com a Dona Maria, uma senhorinha muito querida, que lhe disse: “Helena, eu adoro a sua aula, mas vai costurar!”

O CRESCIMENTO DA PANUPANU

“Demorei muito tempo para entender que a Panupanu poderia ser o meu trabalho e não apenas uma atividade presente na minha vida.”

Em 2014 a Panupanu foi crescendo e mudando. Helena começou a fazer roupas personalizadas e a organizar pequenas oficinas. Mas como muitos empreendedores, essa oferta de novos produtos não foi fácil. Quem vê hoje as clientes fiéis não imagina que a Helena também teve dúvidas na hora de oferecer aulas. “Eu não posso ensinar. Ainda não fiz um curso de alta costura, de alfaiataria, de moda praia…”. Por fim, ela criou coragem e decidiu. “Posso não ter feito todos os cursos que queria, mas o que eu sei eu posso passar.”

E o desejo de dar aulas teve também outra motivação. Helena diz “Gosto de gente e também por isso comecei a dar aula. Sentia tanta falta de gente que fazia uma roupa e mandava foto para uma amiga. Eu precisava interagir.”

Pergunto para a Helena o que ela planejou e o que ela não planejou na sua jornada de empreendedora. E ela responde: “A Panupanu não foi planejada. O que aconteceu veio da minha capacidade de observar e ouvir as pessoas, mais a paixão pela costura. O planejamento veio depois com a criação de uma coleção, a mudança para um atelier próprio, a organização das aulas e oficinas, mas não no começo.”

Com a ampliação das suas ofertas, a Helena foi ficando cada vez mais ocupada com a costura. “No momento em que eu me vi apaixonada e estava pagando o aluguel com aquilo, tive uma decisão muito clara que era esse o meu caminho.”

Algumas culturas associam as deusas da costura ao tear do destino. Fiando o fio da vida entremeando caminhos que se cruzam e se constroem.

Tatiana Moreira Naumann entrou na nossa história em nossa primeira turma de oficina. Fez oficina algumas vezes… Aprendeu a costurar para sua filha amada Amanda e aprendeu a fazer suas próprias fantasias. Fez aulas particulares… Eram tardes e tardes de muita conversa, mate gelado, água de coco, gargalhadas, costuras e projetos cheios de brilho.

Tati tb é nossa cliente, tem várias fantasias e roupas encomendadas com muito carinho e estilo. A trajetória de Tati na costura é parte da nossa história. Hoje Tati é além de aluna, além de cliente… Uma grande amiga. E ao sentir-se plena e feliz através de suas roupas… Tati tatuou seu melhor momento… A felicidade do carnaval. Tocar seu instrumento… Estar na perna de pau… E vestindo uma fantasia Panupanu.

Fico muito emocionada em saber que somos pedacinho do seu momento mais feliz Tati. Que vc desfrute esse sentimento de vitória, plenitude, liberdade, alegria e poder sempre na sua vida. Não tenha dúvida que vc já é tatuada na história da Panupanu. Texto escrito pela Helena Tyrrel para um de suas clientes

A COLEÇÃO DE CARNAVAL

A Panupanu é um dos primeiros ateliers de Carnaval de rua do Rio. Na época em que ela começou a produzir fantasias, as pessoas só tinham basicamente duas opções: ou compravam as suas fantasias de Carnaval no Saara [mercado popular no Rio de Janeiro] ou faziam suas próprias fantasias (muitas vezes com adereços que compravam no Saara). As fantasias eram caras e ruins.

Desde que começou, todo ano a Helena fez fantasias. Ela recebia pessoas no Atelier, fazia entrevistas que às vezes duravam duas horas e, com isso, ela entendia a fantasia que cada um queria.

Com o passar do tempo o número de fantasias foi aumentando. Em 2017 ela chegou a fazer 60 fantasias! Mas atenção: eram 60 fantasias diferentes, para corpos diferentes, cada uma com a criação de uma modelagem exclusiva. Ela terminava o período de Carnaval exausta, sem dormir direito e começou a se perguntar se essa forma estava certa.

Com toda essa experiência acumulada, de produzir fantasias para vários tipos de pessoas, ela teve a ideia e produziu uma Coleção de Carnaval! Mas veja bem, não foi uma coleção de fantasias e sim, de roupas de Carnaval. Eram peças que podiam ser combinadas entre elas, de várias formas, e que poderiam se transformar em fantasias diferentes e até serem usadas em outras ocasiões, como uma festa mais alternativa. Eram maiôs de paetê dourado, asas maravilhosas, saias rodadas e outras coisas lindas!

Com isso, ela tinha fantasias para atender pessoas a duas semanas do Carnaval, podia produzir com antecedência, sem se desgastar e também aproveitar ela mesma o Carnaval, mas sem deixar de fazer algo autoral e com a cara da Panupanu.

O nome da coleção foi Panupanu DARUA e o conceito era “vamos pra rua se abraçar”. Em janeiro a Helena fez um desfile no Cabriola com venda de sua coleção de fantasias. O desfile foi na rua e ficou lindo! Além de utilizar um espaço alternativo, ela provou que fazer com o que se tem é possível! A roupa é pra usar na rua, então o conceito casou completamente. A inciativa e o conceito me encantaram, então coloco aqui um vídeo pra vocês verem também!

 

O texto de divulgação do vídeo foi assim: “Sextou TANTO que resolvemos deixar para HOJE esta surpresa linda! Aperta o play: em primeiríssima mão, o vídeo do lançamento da coleção #Panupanu DARUA no Cabriola, bem na portinha do carnaval 2018. Rolou pizza a lenha, cerveja gelada e purpurina à vontade, DJ Mito, criançada pintando o sete, abraço apertado e gente de verdade vestindo roupa exclusiva feita com carinho e dedicação.” Vídeo: Malícia visual

SLOW FASHION E O PROPÓSITO DA PANUPANU

“Quero fazer roupa como se fazia em 1920.”

Mesmo sem usar essa nomenclatura, o que a Helena faz é slow fashion. E mesmo que não declarado, percebo que esse é o propósito da Panupanu – fazer roupas personalizadas, com consciência social e ambiental, além de fazer as pessoas felizes.

A Panupanu não tem roupas prontas. Nas etiquetas vêm escrito: “tamanho: o seu”. E isso não é lindo? A Helena vai na contramão da indústria da moda e prova que é possível realizar sonhos e fazer o que se ama.

“Eu preciso acreditar no que eu estou fazendo. Eu vejo a roupa como uma expressão artística. É importante que as pessoas estejam felizes com o que eu estou fazendo e preciso estar feliz no processo. Eu preciso ter espaço para criar, colocar minha visão. Por exemplo, não gosto de fazer um vestido a partir de uma foto. Para mim é importante criar e me expressar, traduzindo a pessoa na roupa. Amo quando a pessoa fala: Amei, é muito a minha cara! Ou quando eu faço uma roupa e alguém se identifica.”

Segundo a Helena, a Panupanu não se preocupa com tendências. Não significa que não siga tendências de forma alguma, porque elas estão ali, mas essa não é uma preocupação fundamental. A questão principal para essa empreendedora apaixonada é que as pessoas possam usar as roupas que elas idealizarem. É não ser refém da moda, não depender da oferta de determinada roupa, tamanho e valor.

“Ensinar as pessoas o que elas realmente têm vontade de fazer é um impacto muito grande que fala sobre autonomia, autoestima, expressão.”

Quando pergunto como ela acha que impacta as pessoas e o que o seu trabalho proporciona, Helena responde “Eu não tenho a real noção de como eu impacto as pessoas, mas o que eu sei é que fico muito feliz com o que eu faço. Ensinar as pessoas o que elas realmente têm vontade de fazer é um impacto muito grande que fala sobre autonomia, autoestima, expressão. Fico feliz que elas entendam que podem usar as roupas que querem usar, idealizar a roupa que não tem na vitrine. Se realizar em usar uma determinada roupa, uma determinada fantasia do Carnaval.”

E falando em fantasia de Carnaval, a Helena emenda “Pra mim fantasia é coisa séria, pois te proporciona uma experiência.” E foi essa experiência que ela teve quando se fantasiou de She-Ra, Gabriela Cravo e Canela, Jessica Rabbit… Ela conta que quando escolheu a fantasia de She-Ra logo pensou: “Eu quero ser a She-Ra. Pela honra de Greyscow!”

E é empreendendo com paixão que a história da Helena vai se misturando com a de suas clientes, que também compartilham desses mesmos valores, sonhos, alegrias. Tudo ali é feito com verdade, com significado. E o resultado é naturalmente expresso. Encerro essa entrevista com um texto da Helena que mostra bem isso.

Quando eu era criança minha avó fazia roupas para mim. Não todas… Eram algumas roupas muito especiais, uns vestidos para o natal, aniversário, uma festa importante…. E essas roupas vinham sempre cheias de um gostinho todo diferente. Eu via o brilhinho nos olhos tímidos dela quando eu vestia. Tinha sempre o TOC de ajeitar um pouco mais um acabamento ou outro… Verificar o caimento… Mas eu amava aquela sensação de ser a boneca que minha avó vestia.

Em nosso atelier temos a Vera como aluna. Uma vovó apaixonada pela sua linda netinha Juju que acaba de ganhar esse lindo vestido feito com muito carinho. Olhar para esse vestido me emociona e me enche de saudades das mãozinhas delicadas e frias de Dona Maria José ajeitando a roupa no meu corpo. Tenho certeza que Juju lembrará dessa demonstração de carinho para sempre.

O QUE EU APRENDI COM A HELENA

Ultimamente tenho visto as pessoas falando com mais frequência em viver fazendo o que amam, ter um trabalho com Propósito. Pessoas que estão em uma busca para descobrir qual é esse propósito, o Ikigai, o que elas deveriam fazer, que caminho seguir. Outras que sabem o que querem, mas têm medo de arriscar. A Helena percorreu o caminho dela, do jeitinho único dela, assim como acontece “na vida real”. O que proponho? Olhar para essa história e ver que lições podemos tirar dela.

Eu vejo aqui uma história real. Não é uma história perfeita, de sucessos imediatos. Não é uma história de coragem infindável, pois houveram altos e baixos. A Helena não “encontrou seu propósito” em um lampejo divino. Essa é uma história que fala de paixão, de construção, de persistência. Helena deu o primeiro passo. E foi percorrendo o caminho que ela enxergou novas possibilidades. Foi ouvindo e observando que ela construiu a Panupanu. Algumas coisas tiveram que ser planejadas, outras foram espontâneas, seguindo o coração. E cada vez mais eu vejo que empresas ou negócios cheios de verdade fazem pessoas felizes!

 

Venha conhecer a Panupanu!
Fotos: Cris Rezende | Fotos de Carnaval: Maurício Hirata

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